A fórmula levava, junto com outros 13 ingredientes: fluido de coca, suco de limão e até coentro. A empresa negou a história e manteve que a receita continua segura, em um cofre bancário em Atlanta, há 125 anos.
Os responsáveis pelo burburinho foram os produtores do programa de rádio “This American Life”.
Enquanto preparavam o novo episódio da série, eles se depararam com um artigo do jornal Atlanta-Journal Constitution com uma foto de uma lista que parecia trazer os ingredientes e as quantidades exatas do que era necessário para produzir o refrigerante.
Um representante da companhia disse que o programa de rádio não conseguiu a receita real.
Contudo, um historiador da Coca (sim, existem historiadores sobre a Coca!) disse ao site Life’s Little Mysteries que esta poderia ser SIM a receita autêntica da Coca, só não é aquela vendida hoje nos supermercados.
O site publicou uma réplica da foto do artigo com a receita.
O historiador Mark Pendergrast, que já escreveu livros sobre o refrigerante, disse achar “meio engraçado que, de repente, começa essa confusão quando, na verdade, eu já encontrei a fórmula nos papéis do inventor da Coca-Cola, John Pemberton, e publiquei em um livro em 1993”.
Segundo ele, “a receita é bem similar a que eu encontrei, então eu realmente acredito que seja autêntica. Mas não é a coca que é vendida hoje. A formula original foi modificada”.
Sobre as mudanças, o historiador cita que a fábrica tem usado xarope de frutose de milho ao invés de açúcar na versão americana da bebida desde 1985. Neste ano, a Coca-Cola desenvolveu uma receita nova, mas os consumidores não gostaram muito. Então eles voltaram a utilizar a receita antiga, mas com algumas mudanças, entre elas, o uso de xarope ao invés de açúcar. Pendergrast também revelou que, hoje em dia, o fabricante não utiliza mais o ácido cítrico que aparece na foto, utilizam agora ácido fosfórico. A Coca nasceu para ser remédio
Quando John Pemberton começou a misturar os ingredientes que, no futuro, iriam se tornar o refrigerante mais vendido do mundo, ele nem pensava em criar uma bebida para tomar junto com a pizza de sábado à noite.
Sua intenção era medicinal.
“Era uma redução de Vinho Mariani, bebida alcoólica francesa que continha vinho e extratos de folha de coca, era considerada um ‘tônico para os nervos’ e teria muitos efeitos benéficos”, disse Pendergrast.
O historiador conta ainda que a bebida era alcoólica e levava cocaína.
Em 1886, a bebida foi proibida e o criador trabalhou para retirar o álcool. “Isso fez com que a bebida ficasse amarga, então ele adicionou açúcar para compensar”.
A receita que vazou ainda contém álcool, mas “é só para misturar os óleos essenciais, não chega até o produto final”, explicou Pendergrast.
É claro que as reclamações sobre a cocaína não demorariam a começar, então, o criador passou a retirar a substância das folhas de coca antes de usar.
Hoje em dia, “a cocaína é removida pela companhia Stepan Chemical e depois destruída ou usada em pesquisas médicas”.
Nos anos 1890 a companhia mudou de dono e o novo proprietário, Asa Candler, fez mudanças na quantidade de cafeína e de adoçantes, o que mudou mais uma vez o gosto da bebida.
É muito improvável que a receita encontrada pelo programa “This American Life” seja a atual.
A tal da receita que vazou pelo mundo todo, pode ou não ser aquela que produziria o refrigerante que bebemos hoje.
Mas, na verdade, para Mark Pendergrast, pouco importa. “Mesmo se você tentar fazer ‘a coisa real’ não faria a mínima diferença. Por que alguém iria deixar de comprar a original para comprar uma falsa que, provavelmente, seria mais cara? O segredo real da Coca-Cola nem é um mistério: é a publicidade, economia de escala, marketing e distribuição. É a marca”.
Fonte: hypescience.com
Por Leticia Andrade