"Magnífico", "deslumbrante", "maravilhoso", foram as palavras mais ouvidas nesta segunda-feira, dia 25 de maio, na mostra Yves Saint-Laurent - Viagens Extraordinárias, a primeira exposição de moda dedicada a apenas um estilista no Brasil, que reuniu cerca de 800 convidados no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) no Rio de Janeiro.
O evento, foi aberto para o público na terça-feira (26), faz parte do calendário oficial do Ano da França no Brasil.
"Esta é a primeira exposição de Yves Saint-Laurent na América Latina", ressaltou Hugues Goibault, cônsul geral da França no Rio de Janeiro. "A idéia do Ano da França é mostrar ao Brasil a modernidade e a diversidade francesas, que se encontram justamente nos modelos de Saint-Laurent". "Esta é a primeira grande exposição de moda do Ano da França. Haverá somente uma outra, em São Paulo, dedicada a Christian Lacroix. É um evento muito importante para o mundo da moda", destacou Dimitry Ovtchinnikoff, adido cultural do consulado francês.
Serão 50 figurinos completos de coleções inspiradas na África, Ásia, Espanha, Marrocos, Rússia e Índia, acompanhados por mais de 240 acessórios como braceletes, brincos, sapatos, chapéus e turbantes, em manequins azuis projetados pelo mestre, 20 croquis originais, 20 fotos e dois documentários em exibição - um, assinado por David Teboul, e outro sobre seu histórico desfile de despedida, em 2002, no centro George Pompidou, com 300 modelos e looks de todos os tempos, fazendo uma retrospectiva de todas as suas criações. O figurino mais antigo data de 1967, e pertence à coleção africana. O mais recente é da coleção de inverno de 1999, da série Rússia.
As obras são muito frágeis, e não podem ser transportadas com freqüência. "É um trabalho enorme. Para um mês de exposição, as peças têm que descansar durante um ano", revelou Ovtchinnikoff. "Elas são guardadas num local específico da Fundação, onde a temperatura ambiente é mantida a 18 graus", entregou Mireille Prulhière, a primeira costureira de Saint-Laurent, que veio ao Rio para prestigiar o evento.
O smoking feminino - apresentado pela primeira vez em 1966 com uma blusa transparente e uma calça masculina - é a marca de Yves Saint Laurent.
Depois disso, o traje passou a desfilar em todas as coleções do estilista.
Entre todas as suas criações "le smoking", como foi chamado, sinalizava uma mudança na forma como as mulheres se vestiriam dali por diante.
A liberdade oferecida por Coco Chanel antes, ganhava poder a partir do novo traje proposto por YSL e tudo o que ele representava - uma nova atitude feminina.
Foi daí que veio o terninho que povoa o universo feminino dos escritórios e oficios burocráticos. Virou praticamente um uniforme. Ele foi também o primeiro estilista do mundo a usar modelos negras em desfiles de moda.
Os tons das duas salas de exposição foram retirados da paleta de cores de Saint-Laurent, que adorava o pintor Matisse. Os convidados também desfrutaram de uma suave trilha sonora com obras de Berlioz, Debussy e Ravel, as referências musicais do estilista francês.
Nascido em 1936 em Orã, na Argelia, St. Laurent era filho do presidente de uma companhia de seguros e seu gosto pela criação em moda foi influenciado por sua mãe.
Aos 17 anos, foi trabalhar com o estilista Christian Dior, seu mentor, de quem herdou o controle criativo da casa Dior após a sua morte em 1957. Com apenas 21 anos de idade, ele assumiu o desafio de salvar o negócio da ruína financeira.
YSL representou o glamour de uma época em todas as sua coleções.
Em 1962 saiu da Dior e fundou sua própria marca, a YSL, financiado por seu companheiro Pierre Bergé. O casal se separaria afetivamente em 1976 mas continuariam parceiros de negócios por mais de trinta anos.
Uma de suas musas inspiradoras foi a atriz Catherine Deneuve.
Uma curiosidade triste: St. Laurent foi convocado para o exército francês, durante a Guerra de Independência da Argélia. Após 20 dias de estresse por ser maltratado e ridicularizado pelos seus colegas soldados, ele foi internado num hospital mental francês, onde foi submetido a tratamento psiquiátrico, que incluia eletrochoques, devido a um esgotamento nervoso.
“Nada é mais belo do que um corpo nu. A roupa mais bela que pode vestir uma mulher são os braços do homem que ela ama. Mas, para aquelas que não tiveram a sorte de encontrar esta felicidade, eu estou lá.” (Yves St. Laurent)
Yves desenhou mais de 300 modelos em 40 anos de carreira. Faleceu em Paris, no dia 1 de julho de 2008, aos 72 anos.
Informações: Yves Saint Laurent - Viagens Extraordinárias
Visitação: de 26 de maio a 19 de julho 2009
Local: CCBB Rio Rua Primeiro de Março, 66 - Centro
Telefone: (55) (21) 3808.2020 De terça a domingo, de 10h à 21h
Entrada franca
Patrocinadores brasileiros: Banco Fidis, Bradesco, Oi, Fiat, Grupo Pão de Açúcar, Santander, SESC,Serpro, BNDES, Centro Cultural Banco do Brasil, Caixa, Correios,Infraero, Eletrobrás, Petrobrás. Parceria e realização: TV5, Ubifrance, Aliança Francesa, Culturesfrance, Republique Française,TV Brasil, Ministério das Relações Exteriores, Ministério da Cultura,Governo Federal do Brasil. Fonte: Agência Entrelinhas