Milhares de fãs do cantor Roberto Carlos lotaram a praia de Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro, na noite de Natal, neste sábado (25). Cariocas e turistas chegaram mais cedo para garantir um lugar na areia para ver o Rei de perto. Muitas pessoas chegaram a acampar em frente ao palco e aguardar mais de 12 horas. Teve gente que preferiu deixar o carro estacionado próximo ao local do espetáculo no dia anterior e voltar para assistir no dia seguinte. Esta foi a opção do operador de Telemarketing Vinícius Antunes, de 25 anos, que levou a mãe e as tias para cantarem com o Rei.
- Eu moro em Campo Grande, na zona oeste. Deixei o carro na sexta-feira (24) perto da estação do metrô e voltei hoje (25) à tarde. Minha mãe e minhas tias chegaram de manhã cedo e garantiram lugar bem pertinho do palco.
A dona de casa Maria da Penha Simões de Souza, de 52 anos, saiu de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, às 16h30 com a irmã para tentar um lugar próximo ao palco. Ela contou que foi a primeira vez que assistiu ao show do ídolo.
- Sou apaixonada pelo Roberto Carlos. Comecei a ouvir e a gostar das músicas quando eu ainda tinha 11 anos. Eu morava em Guarapari, no Espírito Santo, e meu vizinho tocava as canções no violão. Eu me apaixonei pelo Roberto e também pelo rapaz.
A moradora de Vilar dos Teles, na Baixada Fluminense, Marina Ferreira de Freitas, de 56 anos, não conseguiu chegar a tempo de pegar um bom lugar para ver Roberto Carlos de perto. Mesmo assim, não desistiu. Para fugir do tumulto, preferiu esperar o show começar sentada na calçada da avenida Atlântica.
- Sempre que posso, vou ao show do Roberto Carlos. Sou fã. Já assisti até no Maracanãzinho. Não poderia deixar de vir até Copacabana.
Mas não foram só os cariocas que curtiram o show do Rei. Turistas também participaram do evento na praia de Copacabana. O casal canadense Ginger e Cory aproveitaram a visita ao Rio para conhecer as canções de Roberto Carlos. Assim como o Rio de Janeiro, eles ficaram encantados com a beleza do show.
- It`s very beautiful. (É muito bonito).
Choque de Ordem testa operação para o Réveillon
O secretário da Seop (Secretaria Especial da Ordem Pública), Alex Costa, disse ao R7 que o show do Roberto Carlos foi uma preparação para o Réveillon. Segundo o secretário, 800 agentes trabalharam no entorno do evento, além dos 184 que já atuam nos finais de semana na orla, divididos em 33 barreiras para coibir o comércio irregular de ambulantes.
– Esse é o segundo Réveillon. Estamos trabalhando nos moldes do Ano Novo, quando pretendemos atuar com cerca de 1.000 agentes. O ritmo de trabalho será frenético até o Carnaval.
Foram montados 400 banheiros químicos. O secretário assumiu que a quantidade é insuficiente e espera colocar mais para o Réveillon.
- Nós sabemos que é pouco, mas queremos coibir a ação dos mijões.
Muitas pessoas que precisaram usar os banheiros químicos reclamaram do número bem menor que o público esperado. A estudante de Direito Vanilda Coelho da Fonseca, de 45 anos, disse que precisou sair cinco vezes do local onde estava, na areia da praia, porque não tinha banheiro mais perto.
- Além de serem poucos, não tem nenhum banheiro na areia. Eu já quase perdi meu lugar. A prefeitura tem que melhorar este esquema para o Réveillon.
O turista português Antonio Ancelo da Silva, de 66 anos, que já está no Rio para o Réveillon, saiu do banheiro fazendo cara feia. Ele disse que o cheiro estava insuportável.
- Não dá para ficar mais de dois minutos lá dentro. O cheiro está horrível.
O secretário Alex Costa adiantou que a Seop fará uma ação preventiva nos dias 29 e 30 de dezembro, véspera do Réveillon, para coibir acampamento na orla, principalmente nas praias de Copacabana, e da Barra da Tijuca, na zona oeste, onde há maior concentração de pessoas.
No sábado, agentes da secretaria prenderam 14 flanelinhas que atuavam irregularmente nas ruas de Copacabana, antes do show de Roberto Carlos. Eles foram levados para a delegacia do bairro (12ª DP).
Até as 17h, o Choque de Ordem rebocou 108 veículos e multou 155 que estavam estacionados em locais irregulares. Todos foram levados para o pátio do Batalhão do Leblon (23º BPM).
Além disso, foram recolhidos 50 barracas de camping e 1.000 itens que estavam sendo vendidos irregularmente, como garrafas de refrigerante, latas de cervejas, bonés e guarda-sol.
Vendedores conseguem driblar fiscalização
Os fãs do cantor Roberto Carlos que sentiram fome durante o show tiveram que aguardar o espetáculo terminar, pois não havia comércio de comidas no entorno do palco, em frente ao hotel Copacabana Palace. Mas nas ruas transversais à avenida Atlântica, era possível encontrar carrinhos de churros, tapioca, pipoca e até barraca de churrasquinho e salsichão.
No entanto, o público pôde matar a sede durante o espetáculo. Muitos vendedores de bebidas circulavam livremente pela orla vendendo água, cerveja e refrigerante. Uma garrafa de 350ml de água era vendida por R$3,00.Antes e durante o show, os fãs podiam comprar faixas, calendários e fotos de Roberto Carlos. Vendedores comercializavam os produtos personalizados até na porta do metrô. Uma faixa com o nome do cantor custava R$1,00, o calendário saía por R$2,00 e para levar a foto do Rei bastava investir R$3,00.
Mas o vendedor José Especie, de 64 anos, que foi de Nova Iguaçu para Copacabana trabalhar durante o show contou que os agentes da prefeitura tentaram recolher seus produtos.
- Eu estou acostumado a vender produtos em shows na praia de Copacabana. Eu corri muito hoje para eles não pegarem meu material. Eu só quero trabalhar. Preciso sustentar minha família e ninguém dá emprego para velho.
Uma novidade neste evento foram os banquinhos. Quem queria ficar mais alto para assistir com mais visibilidade ao show, tinha a opção de subir no banco. Vendedores ambulantes vendiam os produtos de plástico, que também serviam para sentar e descansar, por R$10,00.
Antônio José da Silva, de 47 anos, foi de São Paulo para o Rio de Janeiro, só para vender banquinhos. Ele contou que o Choque de Ordem levou os produtos do cunhado, mas ele conseguiu escapar.
- Graças a Deus, eles não pegaram meus bancos. Só do meu cunhado levaram 40 de uma vez. Estou aqui desde 6h e tenho muito banco ainda para vender.
Moradores de Copacabana reclamam do bloqueio para evento na praia
A advogada Rita Moreira, de 50 anos, ficou revoltada com o bloqueio do trânsito na avenida Atlântica. Ela mora de frente para a praia de Copacabana e não conseguiu sair de casa.
- Se eu precisasse sair de casa, não conseguiria. Fiquei ilhada. Meu motorista foi de moto até o supermercado para comprar bebidas e foi proibido de trafegar pela avenida Atlântica. Ele teve que ir até minha casa empurrando a motocicleta. Nem motociclista podia circular no trecho bloqueado.
A arquiteta Selma Benchimol, de 53 anos, foi passar o Natal e o aniversário longe de Copacabana, em Teresópolis, na região serrana. Ela preferiu sair de casa e viajar com a família para um lugar mais tranquilo.
- Viajei para ficar longe do tumulto sem precedentes que o show ia acarretar. Eu me sinto refém no meu próprio bairro.
Fonte: r7.com
Por Leticia Andrade
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