Especialistas no tema asseguram que quase todas as culturas do México pré-hispânico utilizaram o agave convertendo em um elemento "onipresente" em sua cultura. Somente no México, crescem pelo menos 136 espécies do agave, cerca de 26 subespécies, 29 variedades e sete formas, afirma a pesquisadora Cristina Barros, acrescentando que crescem em climas semissecos a temperaturas médias de 22 graus e geralmente a uma altitude de 1.500 a 2.000 metros acima do nível do mar.
A planta foi adotada no México pelas diferentes culturas milenares para ser usada principalmente na elaboração de bebidas tradicionais como o pulque - que se obtém da fermentação do suco da planta denominado aguamiel - a tequila e o mezcal - resultado da destilação de tal suco.
Atualmente, nos estados de Hidalgo, Tlaxcala e Puebla - centro do México - e no sul do Distrito Federal - é onde cresce principalmente o agave dedicado ao pulque, enquanto nos estados de Jalisco (oeste) e Oaxaca (sul) se produz a planta destinada à tequila e ao mezcal, respectivamente.
Vestígios sobre a elaboração de vinagre ou da fabricação de cestas e laços, que foram também produto do agave, são, segundo a antropóloga Dora Sierra, prova de que os antigos habitantes da América Central já conheciam e dominavam os usos da planta há pelo menos uns 10.000 anos.
Símbolo de identidade nacional
Através do tempo, o agave desempenhou um papel preponderante no âmbito econômico e cultural do México. Sua figura, assegura a antropóloga Marta Turok, "deu forma e rosto ao México" e hoje, como elemento recorrente na arte e na gastronomia, "o identifica como nação".
Finalizada a Revolução Mexicana (1910-1917) o agave se transformou em símbolo da nação mexicana quando o país buscava elementos que o identificassem como país.
O agave, assinala Marta, como "referente cultural do mexicano e símbolo de identidade nacional" representou o México, junto com a figura do mariachi, do charro (cavaleiro), da china poblana e da santa morte.
A árvore das maravilhas
O cronista José Acosta classificou o agave como “árvore das maravilhas”, porque dele se consegue um aproveitamento integral. De suas flores (que só brotam uma vez ao ano) se extrai doce, enquanto das "pencas" (folhas) se obtém "ixtle" (fibra) com a qual se tecem roupas, sapatos, cobertores, laços, redes e cordas. As pontas das pencas servem às vezes de agulha para tecer tais elementos e também para cozer as aves recheadas. Além disso, a base das pontas serve de alimento para o gado, e completas são utilizadas para construir os tetos das casas.
Com o miolo, fervido ou assado, se elaboram doces, enquanto a raspagem proporciona o “aguamiel” para as bebidas alcoólicas e para o açúcar. Inclusive os "meocuiles" (vermes brancos) e os "chinicuiles" (vermes vermelhos) que vivem em suas raízes são usados como alimento, bem tostados ou fritos vivos em um "comal" (frigideira artesanal) para serem comidos com sal ou com omelete.
Fonte:Um blog Contenporâneo
Por Alana Oliver