01 janeiro, 2011

Passo a passo para você enfrentar o medo

Lista de atividades que você pode fazer para amenizar os efeitos do medo

Lembrando que motivação e dedicação são ferramentas fundamentais para um resultado positivo. Não adianta fazer os exercícios uma vez ou outra. A exposição, para dar resultados, deve ser repetida e prolongada. Ou seja, os exercícios devem ser feitos diariamente e sem pressa. No caso do pânico, leva em media de 30 a 45 minutos.

EXERCÍCIO: Sentado em uma poltrona ou cadeira, a primeira coisa que deve ser aprendida é uma técnica de controle da respiração que será usada sempre nas seguintes situações:
1- quando você estiver tendo um ataque de pânico; ao perceber que o ataque está se iniciando e ganhando corpo, você imediatamente procurará respirar de forma que será descrita logo abaixo:
2- entre cada um dos exercícios que irei mencionar.

Aprendendo a respirar

Após realizar cada um dos exercícios, você deverá inspirar o ar pelo nariz, devagar, realizando a respiração abdominal, isto é, o ar vai para a barriga e não para o tórax. E vai soltar o ar mais lentamente ainda pela boca. O ideal é você inspirar em 3 tempos e soltar o ar em 3 tempos também, isto é, contando até três. Não utilize grande quantidade de ar. Apenas respire devagar e lentamente. Suavemente. Se achar melhor, espalme a mão sobre o abdome e observe-a como se movem. São elas, e não o seu tórax, juntamente com o seu abdome, que devem se mover para a frente. Essa técnica é muito importante de ser aprendida porque, durante uma crise de pânico, a pessoa sente falta de ar e respira de uma forma mais rápida e profunda. Esse fenômeno é conhecido como Hiperventilação e leva a um desequilíbrio ente as quantidades de oxigênio e gás carbônico dentro do organismo. Ao hiperventilar, a pessoa faz com que ocorra uma diminuição do gás carbônico e um aumento relativo do oxigênio, e essa alteração química gera sintomas como tontura, sensação de desmaio, estranheza e formigamento nos membros. Essa técnica do controle da respiração é bem conhecida há mais de 10 anos. Se você puder controlar a sua respiração, terá metade dos sintomas do pânico sob controle. Depois que aprender a respirar, você pode iniciar os exercícios de exposição interoceptiva que estão explicados abaixo: 

EXERCÍCIO I:

Sentar em uma cadeira e balançar a cabeça de um lado a outro, como se tivesse expressando um NÂO. Procure fazer um giro amplo de cabeça e mantenha os olhos SEMPRE abertos. Duração do exercício: 30 segundos. A seguir, inicie imediatamente o controle da respiração até que a tontura passe. E vá para o outro segundo exercício.

EXERCÍCIO II:

Sentado na cadeira, incline o tronco para a frente e os braços para baixo. Deixe que suas mãos toquem o chão. Permaneça nessa posição por 30 segundos e erga rapidamente o tronco retornando à posição original. Faça o controle da respiração até que volte a se sentir bem. Poucas pessoas sentem mais que uma discreta vertigem nesse exercício.

EXERCÍCIO III:

Fique de pé e corra parado no mesmo lugar, acelerado, por 1 minuto. Ou então, suba e desça um lance de escada (sem correr) por três ou quatro minutos. Seja qual for o exercício escolhido o importante é que ele produza algum grau de taquicardia e falta de ar. Caso contrário, aumente o tempo ou faça mais intensamente. Retorne ao controle da respiração e não se preocupe se tiver mais dificuldade para obter o controle. Lembre-se que você se exercitou e está com falta de ar. Aos poucos, seu ritmo respiratório voltará ao normal bem como as batidas do seu coração.

EXERCÍCIO IV:

Coloque uma cadeira no centro da sala. Caminhe rapidamente ou corra ao seu redor, num movimento circular. Por 1 minuto e a seguir, sente-se na cadeira. O exercício deverá provocar uma tontura giratória. Controle a respiração até que o desconforto passe.

EXERCÍCIO V:

Sentar na cadeira, respirando rápida e profundamente, com a boca aberta e usando o tórax durante 30 segundos. Esse exercício é o de hiperventilação e deverá provocar estranheza, tontura e formigamento nas mãos. Se não ocorrer nenhum sintoma, aumente o tempo para 1 minuto ou respire mais rápido e com maior profundidade. Controle a respiração, logo a seguir. Repita essa série de exercícios mais duas vezes.

Não pode fazer um exercício de manhã, dois à tarde e um à noite. Os exercícios são encadeados uns com os outros. Além disso, é importante o tempo total de exposição e a ansiedade desencadeada durante esse tempo.

Faça um diário dos exercícios. Anotando a ansiedade que sentiu com os exercícios atribuindo notas de 0 a 10 a cada um deles: 0=ausente 1,2,3=leve 4,5,6=moderada 7,8,9=intensa 10=pânico.

Anote no caderno a data, os exercícios que foram feitos e a ansiedade experimentada antes e logo depois de cada exercício.

Se os exercícios não estiverem produzindo nenhuma ansiedade ou desconforto, sua intensidade e duração deverão ser aumentadas ou outros exercícios poderão ser acrescentados:
a- girar ao redor do próprio corpo (brincar de bêbado).
b- Prender a respiração por 30 segundos
c- Respirar através de um canudo por 2 minutos.
d- Olhar fixamente para a claridade do dia ou para uma luz forte por um minuto e a seguir ler.

Caso algum exercício gere efeitos muito ruins, diminua a intensidade e velocidade. Mas não deixe de fazê-lo. Esquivar-se é a contramão do tratamento.
Procure fazer os exercícios diariamente compare as notas que são dadas à - ansiedade em cada um deles. Observe se ocorrem mudanças. Observe também se a freqüência e a intensidade dos ataques diminuíram.

Ao final de 10 semanas é de se esperar que tenha havido uma diminuição na freqüência e intensidade dos ataques ou mesmo sua extinção. O que não significa que você esteja curado e sim que tem os sintomas sob controle.

A grande vantagem que existe em se fazer a exposição é que é você quem adquire o instrumento que o torna capaz de controlar as suas crises. 

Evelyn Vinocur
Especialidade: Neuropsiquiatra e psicoterapeuta
Fonte: minhavida.uol.com

Por Leticia Andrade

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