30 julho, 2009

O teatro dos vampiros

Mais de uma vez eu já ouvi críticas e olhares de espanto ao revelar o meu gosto por literatura vampiresca, tomam-me por sádica, ou por mórbida.
Eu não vejo nada demais, em apreciar belas crônicas repletas de fantasia e de uma maldade quase que inocente.
Você pode se perguntar o que eu quis dizer, ao me referir a uma maldade inocente. O que a principio parece um paradoxo, nada mais é, do que a face mística do mal, onde seres das trevas só saem a noite e podemos repeli-los e imobilizá-los com símbolos sacros.

Perguntam-me se eu tenho medo, ou se isso não afeta o meu sono, eu só posso responder que na atual conjuntura o jornal diário assombra de forma mais duradoura a minha vida do que o pobre conde Drácula, eu moro em frente ao símbolo de nossa era, ao marco da nossa desesperança, a uma forma de protesto calado e sofrido, o contador de homicídios.

Esse símbolo cruel de nossa realidade mostra que já findaram os tempos em que o nosso medo tinha a figura do papa figo, em que as crianças corriam para casa fugindo do velho do saco, hoje o medo se mostra na figura do pai, reencarna na presença do filho, não sabemos mais a quem temer ou em quem confiar.

Os críticos que me perdoem, mas o dia-a-dia se mostra mais mórbido do que qualquer conto, o jornal mais sanguinolento que os capítulos dos livros, que os seres das trevas mais cruéis, o que separa a folha de Pernambuco da entrevista com o vampiro é que UM DOS DOIS não passa de mera fantasia.

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